terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Em agradecimento

No dia 21/02/2010 recebi uma nova chance, Deus, em sua infinita sabedoria e compaixão, me mostrou que eu ainda tinha muito o que fazer por aqui.

Um motorista bêbado, e usuário de drogas, jogou o carro na moto onde eu estava com meu esposo, vcs leram certinho, ele JOGOU de propósito, num ato de maldade, pois não gostava de ser ultrapassado por motocicletas, e quem me falou isso foi um outro casal que foi ameaçado por ele ao ultrapassar o carro dele com uma moto.

Nesse acidente perdi o meu esposo, que faleceu na hora imprensado embaixo do carro, eu fui arremessada barranco abaixo e parei a alguns metros de distância dentro dum valão, mas Deus é tão bom, que não me deixou cair desacordada, o que dificultaria muito o meu socorro, já que era noite e estava muito escuro.

As pessoas começaram a surgir, muitos nem sabia que eu sou, nem conheciam minha família, mas estavam ali para prestar socorro e solidariedade; outro foram apena para roubarem os pertences das vítimas, mas esses entrego ao tempo e às lições que ele sempre dá. 

Fiquei internada, toda machucada, fêmur estilhaçado, pé muito machucado e a sensação de não estar ali, de não estar entendendo nada do que estava acontecendo. Até que surgiu um rosto conhecido, era Ari! Que cuidou de mim com muita paciência, me deixando meio múmia e aturando meu choro. (rsrsrs) Fui transferida para um hospital em SSA e fiquei na UTI por alguns dias com muitas dores físicas, mas também muitas dores espirituais, uma dor que nenhum daqueles sedativos foi capaz de aplacar,  eu queria a minha casa, a minha vida de volta, mas tive que começar a entender que a partir daquele momento, nada seria como antes.

Foi uma recuperação muito difícil, que incluiu fraldas geriátrica, cadeira de rodas, muletas, fisioterapia exaustiva e uma medicação tão forte que era associada a um sedativo para que eu pudesse suportar os efeitos. Mas uma coisa nunca faltou durante todo esse tempo: amor! Amor de perto, amor de longe, da família, dos amigos, de gente que eu nunca tinha visto pessoalmente, mas que tinham um carinho enorme por mim. A galerinha do MAB: Alan, Dido, Padeirinho, Luck, Paulinha, Xocolate... eram companhias constantes dos risos da madrugada. Minha mana tão amada, Ana, que quando me via escrever tudo embolado, já me mandava ir dormir! Rsrsrs

Sanvila, Sandever, meus tios e tias, minha avó, meus primos, a família de perto e de longe, até aqueles que não eram muito achegados. Elis, que pegou uma noite de crise e ficou acordada até tarde comigo, prima nunca esqueci disso! Roseane, lembra dos nossos passeios? Eu de muletas e o encontro dos “muletantes” na praça de Ilhéus que rendeu até uma foto! Kkkkkkk. Andréia e Cláudio com suas visitas constantes que me distraiam bastante.

Também o meu irmão, Franklin, que veio de longe me ver, e quando cheguei ao hospital ele já estava lá na porta me esperando, com o rosto cheio de preocupação. E os meus pais, que eu não conseguiria aqui descrever a gratidão que sinto pelo que fizeram. Todos os dias meu pai ia me buscar na fisioterapia e mesmo que não precisasse comprar nada no mercado, ele inventava alguma coisa para me levar ao Gbarbosa, pra eu brincar pelos corredores com a minha cadeira de rodas, o que, no fim das contas, era até divertido.

Obrigada a todos vcs por me manterem de pé, pois todas as vezes em que lamentei não ter morrido naquele dia, por achar que a carga de dores físicas e emocionais era grande demais para suportar, mas aí cada um de vcs ia pegando um pouquinho para si e me traziam refrigério. Gostaria que vcs soubessem que foi pensando em tudo isso que eu parei de querer desistir e encontrei uma nova estrada para caminhar.

Muito obrigada!