domingo, 30 de novembro de 2014

Anjos

As luzes da cidade se apagaram
O sol ensaiou o seu retorno
O tapete negro
Como a noite que findou
Desliza sobre os pés que não são meus
De repente o susto
Um clarão no imaginário
Levou segundos de lucidez
Então sinto as mãos de um anjo
Pousando sobre mim
Trazendo paz e aconchego
Não, ainda não fui o escolhido
Suspiro aliviado
Agradeço...
As luzes retornam
Levando consigo o breu, o embaço
Sinto o carinho do beijo
O calor do abraço
O afago das mãos
Trazendo o pouco de lucidez que me resta
E a alegria
Por ter visto do túnel
Apenas a fresta.

Malu Aguiar

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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Cário

Tão perto
E ao mesmo tempo
Tão distante
Barreira translúcida
Feita de decência
Do “achar” social
E a vontade de te dar um beijo
Consumindo a noite
Como uma chama a um cigarro
Um fogo aceso
O desejo de reviver o passado
Não muito distante
Caricias
Beijo ofuscante
Pele que queima
Como um sol abrasador
Trazendo calor a noite fria
Que num instante
Fez-se cadente
Deixando surgir
A luz que estava ausente.


Malu Aguiar

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Chuva fina

Essa lembrança chata
Que mais parece chuva fina
Dessas que molha, mas não inunda.
Só torna o solo fértil
Para o plantio de sonhos
Vontade de sentir o seu beijo
O gosto...
O calor do seu abraço apertado
Pensamento constante
Queria ter você comigo
A todo momento
Todo instante.  

Malu Aguiar

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Carta de um suicida

Parto deixando
Toda dor
Toda mágoa e desamor
Que um dia habitou em mim
Deixo as sobras de sorriso e esperança
Que, infelizmente
Não foram suficientes
Para nutrir minha existência tão faminta
De coisas que não se compra
Que só temos se for por doação
Deixo as horas frias
As lágrimas encobertas
Pelos cobertores
Ouvintes das madrugadas
Parto com o desejo de que fiques bem
Sem remorsos, sem dor, sem culpas...
Pois nada disse é por você
É culpa do destino
Eterno brincante
Mago Arcano cheio de encantamentos
Truques
Que cegam os olhos de seres frágeis
Que se alimentam de esperança e boa-fé
Começo a sentir o vazio do fim das horas
Um medo ansioso pela libertação
Pois só ela
Tem um antídoto
Para curar o coração...


Malu Aguiar

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Eu não sei

Esperando feito boba
Bem em frente ao seu portão
Tendo nas mãos
Um despedaçado coração
Só um beijo seu para curar
Por favor
Não me faça esperar
Não me faça implorar
Não estou me vitimando
Eu não quero piedade
Tudo o que eu quero
É que você mate essa saudade.

Malu Aguiar

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Olhos de vidro

Ele brincou assim
Como quem nada quer
Mãos e olhos
Homem e mulher
Então percebi
Através dos olhos de vidro
Que não era inocente
Brincadeira nem nada
Fagulha
Fogueira
Pensamentos em devaneios
Flashes, quadros, mente...  
Calor transferido
Das mãos quentes que aconchegam
Mirada
Um cochichar sem palavras
Mas que disse tantas coisas...
Abraço apertado de despedida
Vontade de ficar
Quem sabe aproveitar um pouco mais
Minutos, segundos
Quem sabe chegar mais perto
Estreitar ainda mais o abraço
Sentir seu hálito quente mais perto
Mais perto, mais perto...
E sentir o frescor das gotas
Que molham o deserto.

Malu Aguiar

domingo, 14 de setembro de 2014

Infinitos e razões

As lágrimas já secaram
O Sol já nasceu e se pôs
Sei lá, umas mil vezes?
Não sei o que ainda sinto
Não sei por que meus olhos ainda marejam
Quando ouço aquela canção
Sim, aquela que você cantou
Enquanto estávamos sentados, juntinhos
Vendo o sol se pôr
Enquanto achávamos que seria eterno
Não sei por que ainda corre um arrepio
Um frio que percorre todos os meus ossos
E transforma-se num suspiro
Num sorriso bobo
Fruto de algum momento
Que paira nas lembranças
Como asteroides numa Via Láctea
Vez em quando vem e se choca com a minha realidade
Depois de tanto tempo
Tanta gente
Tantos acasos
Você ainda surge em mim
Sem prévio aviso
Eclipse lunar
Vem
Me cobre, me ofusca
Apaga por alguns minutos
Minha pouca sobriedade
Depois vai embora
Deixando apenas saudade.

Malu Aguiar



quarta-feira, 23 de julho de 2014

Travesseiro de estrelas

Queria que você tivesse visto
Como sou realmente
Por trás deste muro
Construído com sangue e lágrimas
Queria que você tivesse observado
Todas aquelas pequenas coisas
Os pequenos sinais
Queria que tivesse dado certo
Porque em algum momento
Mesmo sem querer
Você me devolveu o que eu havia perdido
Entre estrelas
Galáxias tão distantes
Você fez voltar
Trouxe de volta
Deixando-me tão feliz e à vontade
Que nem percebi que você estava partindo
E quando chegou o frio do inverno
Busquei-te por todos os lados
Em cada cantinho da Terra
Em cada estrela
Cadente ou não
Mas não te encontrei
Nunca mais...
Só aí que percebi
Você jamais me pertenceu
Voltou ao lugar de onde veio
Por isso sabia onde estavam meus perdidos
E entendia tão bem
As coisas que eu já havia vivido.

Malu Aguiar

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Espumante

Chorei as lágrimas do tempo

A sobra do que não ficou
Velei as cinzas das horas mortas 
Cremadas pelo calor da distância
Chama constante da esperança
Nunca morre
Nunca!
Cruzei os mares do sangue
De um coração machucado
Que sangrou até esvair-se
Escutei as canções
Lamentos da saudade
Sorri do destino
Quando disse que eu ficaria sem você
Não acredite
Não seria possível
Você jurou
Eu também
Um "para sempre"
Apenas um
Mas o destino
Ah, o destino...
Esse ganha sempre!

Malu Aguiar

terça-feira, 1 de abril de 2014

Ampulhetas e borboletas

Foi um sopro
Apenas um sopro
Desses que revolve as coisas mornas
Tempestade de areia
Que cega
Incomoda...
E a saudade se desvencilhou
Restando apenas
A decepção e a incerteza dos atos
O sopro frio do inverno
Que invadiu a primavera
Dos dias a espera
A areia que se foi
Com o quebrar da ampulheta
Foi-se o tempo
Foi-se tudo
Mas passa
Tudo passa
Porque o ciclo da lagarta
É virar borboleta
É a renovação
Arrumar as gavetas
Esperar o desabrochar
De novas violetas.
Malu Aguiar

sexta-feira, 14 de março de 2014

Historinhas de dragões

Quando acordei
Me dei conta de que
As paredes da minha torre haviam ruído
E que agora
Teria que ter coragem
Para enfrentar os dragões
Aqueles tão temidos
Que povoaram os meus pesadelos
Então vesti a armadura e parti
Já não era mais menina
Uma mulher em formação
Já não acreditava em contos
Carochinhas
Mágica de bolinhas de sabão
Demorou um pouco
Até entender
Que os dragões
Eram apenas os medos
Que foram regados
E se transformaram em ervas daninhas
Emaranhado de sentimentos
Tão ruins quanto ele
Criaram vida
Medos...
De gostar
De confiar
De viver
É o ser egoísta
Que nos faz recuar
Esquecer.

Malu Aguiar

sábado, 8 de março de 2014

Minha Pequena

Vento que sopra
E invade a alma
Liberdade
Pés de borracha
Tão ligeiros quanto a vontade
De chegar
De partir
Homem e máquina
Coração e motor
Juntos num só pulsar
Sangue e gasolina
Correndo nas veias
Junção de almas
Carne e metal
O asfalto
Segunda casa
O viajante
O viajeiro
Veste-se como guerreiro
Armadura de couro
Cavalo de aço
Às vezes alado
Voando baixo
Por muitos admirado.

Malu Aguiar

quinta-feira, 6 de março de 2014

Girar dos girassóis

Tão breve quanto
O girar dos girassóis
Na estação
Chuva fraca
Bem passageira
Que não chegou
A molhar o chão
O que não é regado
Não faz florescer
Mas deixa
Deixa ver
Outros outubros
Outros verões
Quem sabe
Numa próxima estação...
Deixo-te um até breve então.

Malu Aguiar 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Improvável

“Do improvável
Surgem as melhores coisas.”
Disse uma vez algum filósofo
Pensador
Ou apenas um conhecedor da vida
Do improvável...
Foi bem assim
Reencontro com jeito de primeira vez
Conversa engraçada
Você meio sem jeito
E eu querendo você
Foi uma conversa
E duas
E três
Não sei bem como aconteceu
Mas os olhos se cruzaram
As vontades coincidiram
E as bocas se encontraram
O beijo
Que adoça a boca
E sacia a sede
Fazendo parar o tempo
Sua voz me dizendo coisas
Tão boas de ouvir
Mãos quentes
Abraço anatômico
Assim, bem apertadinho.  
Seu cheiro
O toque carinhoso
Que traz o aconchego
Agasalho para a noite fria
Dessas noites
Que só o improvável cria.

Malu Aguiar

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Lima

Alguém me dê um megafone
Um microfone
E um palanque
Leve as crianças para sala
Chamem todos para ver
O amor em sua plenitude
Bradado por olhinhos que brilham
Só em pronunciar o seu nome
Venham ver!
Já vai anoitecer
E o céu é o cenário perfeito
Estrelas que brilham
De todos os tamanhos
E de todo jeito
Venham ouvir
O que está guardado em meu peito
É amor
E é lindo
Porque é imperfeito! 

Malu Aguiar


Inconstâncias

Era tanto carinho
Tanto aconchego
E atenção
Que parecia ser amor
Mas na vida
Nem tudo é o que parece ser
E todas as vezes
Que você ia embora
Que eu ia embora
Depois desses nossos encontros
Desse amor tão passageiro
Quanto nevoeiro
Num amanhecer de um dia quente
Verão...
A roda do amor
Virava ao avesso
E sempre nos magoávamos
Por um motivo bobo
Uma palavra
Um gesto
Uma vírgula mal colocada
E tudo que era lindo
E emanava luz
Passava a ser escuro e feio
Noites mal dormidas
Lágrimas
A dor do aborto
Matando aos poucos
As boas lembranças
O amor que era tão pequenino
Ainda em formação
O sofrer calada
Com a mordaça do orgulho
Tristeza
Distância
O vazio das horas
Dias...
Então o coração cansou
Pois ele queria ter gestado
A sementinha do amor.

Malu Aguiar

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Calma

Eu estive triste
Mas isso foi ontem
Apenas ontem
Hoje não
Hoje o sol me trouxe
A paz de um novo sorriso
A luz de um novo amanhecer
Hoje as janelas se abriram
E com elas as cortinas
Que bloqueavam a luz
Encobriam os olhos
E intimidava os sorrisos
Hoje
A luz do sol brilhou tão forte
Que ofuscou os medos
A raiva, o rancor...
Purificou a alma
Atraiu o que tanto preciso
Calma...

Malu Aguiar 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Confins

A vida nos endurece
De vontade de amar não se morre
Entristece, mas apenas...
Pior do que não amar
É viver de enganos
De saudade do que não lhe pertence
Escolhas é o que move o mundo
A vida
Abrir mão
De um querer bem
Que não é seu
Nunca será
Buscar outros caminhos
Cultivar outro jardim
De hoje em diante
Saber apenas de mim
Guardar suas lembranças numa caixa
E deixa-las num confim
Caminhar de olhos vendados
Para não aprender o caminho
De agora em diante
O coração tem que aprender
A ser sozinho...

Malu Aguiar

No entanto...

Ontem senti a sua falta
Hoje senti um pouco mais
Jurei para mim mesma
Não mais te ver
Não mais saber de você
Mas a saudade
É maior que o orgulho
Então resolvi te procurar
Eu te pedi para esquecer
Se afastar
Mas o coração insiste em lembrar
Das conversas diárias
Dos risos sem motivo
Não vou pedir que volte
Sei que lembrarei de você
Pois meu coração ficou cativo
Do seu jeito
Suas manias
Mas certas coisas
Não se pede
É ter paciência
Deixar que aconteça
Só posso esperar
Que um dia amanheça...


Malu Aguiar

Um adeus

Adeus só se diz
Quando há desapego
Por enquanto        
Fico com um ‘Até breve’
Com o passar dos dias
Quem sabe
Um tchau mais prolongado
Um ‘Até breve’ mais distante
Porque o tempo cura tudo
E se não cura
Ajuda
Faz o coração ficar mudo
Às vezes cego
Talvez surdo
A distância
Aliada ao tempo
Ajuda a apagar os traços
Visíveis e invisíveis
Vento frio que apaga a chama
De um fogo que não foi feito pra durar
Porque certas coisas
Foram feitas apenas para lembrar.

Malu Aguiar

O que vive

O que mata é essa vontade
De voltar o tempo
Fazer tudo diferente
Dizer: quero te ver!
Estou com saudade...
O que mata é o medo
Da rejeição
Da impressão causada
A covardia de assumir o que se sente
O que se quer
O que mata é o remorso
A sensação de que
Tudo poderia ter sido diferente
O que mata é essa saudade
Essa vontade de te ver
Ter você perto de mim
O desejo de tocar seu corpo
Ainda que seja
Pela última vez...
O que vive é esse sentimento
Essa solidão
O vazio de poucas horas
Que parece a eternidade
O que vive é essa vontade
De você
De nós...


Malu Aguiar

Despedida (?)

Então hoje acordei 
Com uma vontade de mudar...
Renovar-me
Reinventar
Joguei fora algumas lembranças
Limpei as gavetas
Abri as janelas e deixei o sol entrar
Suas lembranças
Como areia nas palmas das mãos
Estão sendo levadas
Pelo vento do tempo
Da distância
Algumas se agarram
Molhadas pelas gotas da saudade
(Relutantes SMS’s)
Mas que o sol da felicidade
Não tarda em secar
Passaram-se horas
Dias
37 dias...
Sem calor
Sem amor
Sem ninguém
Então resolvi deixar as portas abertas
Quem sabe um dia
Bata à porta aquele alguém
Que não me trate assim
Com tanto desdém
Que não me deixe tão sozinha
E que queira cuidar de mim também.


Malu Aguiar

Loneliness

Vento no rosto
Carinho na pele
Muito tempo pra pensar
Na vida
Nas coisas
Em mim
Em ti
Em nós...
Depois de você
Não fiz amor com outro alguém
O corpo ficou mal acostumado
Ao seu cheio
Seu toque tão carinhoso
A sua voz ao pé do ouvido
Que a lembrança ainda arrepia
Seu abraço
Que se fez perfeito
Como um casaco feito sob medida
E por mais que eu tente explicar
Ele teima em não entender
Que certas coisas
Não são para durar
Fui para você
Como chuva de verão
Nuvem em dia ensolarado
Bastou um simples sopro
E tudo se desfez
Agora...
Preciso me desapegar
Dessas lembranças das noites quase perfeitas
Dessa vontade de te beijar
De te abraçar sem dizer nada
E ficar ali, aconchegada.
Preciso de um outro alguém
Em doses homeopáticas
Quem sabe de pouquinho em pouquinho
Esse vazio seja preenchido
E desperte esse meu coração adormecido. 


Malu Aguiar

Sempre há

Existe alguma coisa
No seu jeito de me olhar
De me fazer sorrir
Que faz com que eu nunca 
Queira ir embora
Existe alguma coisa
No jeito como você me toca
Me faz carinho
Como você desliza as suas mãos
Que faz com que
Meu corpo não aceite outra pessoa
Eu sei
Eu lembro
Nós prometemos
Sem futuro
Sem promessas...
Mas sempre fica alguma coisa
Um gostinho de saudade
Que não acaba assim de repente
Da noite para o dia
Não se deleta
Com o clicar de um simples botão
É um nó que não desata
Com um simples puxão
E eu fico assim
Perdida entre o sonho e a razão
Porque um dia deixei de acreditar
Que se vive com o coração.


Malu Aguiar

Luto

Luto...
Pelo tempo perdido pensando em você
Pelas horas gastas à espera de um abraço
Pelos sonhos das noites mágicas
Pelos risos largos sem culpa, sem motivo...
Pelos reencontros marcados por carinhos e atenção
Pelo que deixou de ser vivido
Pelo orgulho
Pelos enganos
Pelo afeto desperdiçado
Você foi convidado
Mas não é permitido
Me perdi em todos os sinais
Das luzes de alerta
E quando penso nisso tudo
Vem uma vontade de não ser quem sou
Ser um camaleão
E me esconder do mundo...
Mas hoje abro as minhas mãos
Deixando que você escorra até o último grão
Você pediu
Então que seja feita a sua vontade
Afasto-me
Entristeço
Com a certeza de que
As tempestades chegam com um motivo
E se vão assim como vieram
Levando consigo
O que não era realmente pra ficar.


Malu Aguiar

Mar em fúria

Aí vem essa saudade repentina
Pondo a desandar
Meu caminho já trilhado
Coração ilhado
Nesse mar de lembranças
A última noite
O último beijo
Último abraço
Espasmos de memória
Que levam embora
Toda a contenção
Mar revolto
Cheio de inconstâncias
Pôs a pique o barco esperança
Manhã chuvosa
Vento frio que congela a pele
Antes aquecida
Pelo calor de certo alguém
Mas ele se foi
Assim tão de repente
Como o vento que espalha a chuva...
Razões?
Desculpas?
Talvez não haja
Ou quem sabe
Sejam mil
Mas a água do mar
Continua a bater forte
Neste meu navio...


Malu Aguiar

Só hoje...

Hoje eu só queria
O seu abraço
Seu carinho
Hoje eu só queria
O seu sorriso
Nossas conversas bobas
Que tanto me fizeram rir
Hoje eu só queria
Olhar seus olhos
Tocar sua pele
Hoje eu só queria
Viver o que sinto
Sem ter medo
Sem pensar muito
No que pode acontecer
No dia seguinte
Hoje eu só queria
Sentir uma pontinha de felicidade
Um pouquinho que fosse
Ficar quietinha assim
Dentro do seu abraço perfeito
E ficar ali
O dia inteiro
Sem precisar dizer nada...

Malu Aguiar 

Nostalgia

Seu eu pudesse
Tiraria toda a sua dor
Colocaria numa caixinha 
E juntos jogaríamos ao mar
Lá, bem distante... 
Para que os ventos não trouxessem de volta
Se eu pudesse
Recolheria as suas lágrimas
Guardaria num frasquinho
Bem tampado
Ou quem sabe num aquário
Encheríamos de peixinhos coloridos
Assim ficaria divertido
Se eu pudesse
Concederia-lhe um desejo
Assim...
Qualquer coisa que você quisesse muito
Se eu pudesse
Você nunca ficaria triste
Mas nada posso fazer
Para que suas dores sejam brandas
Suas lágrimas sejam apenas de alegria
E a sua tristeza seja mais do que passageira
Só o que posso te oferecer
São as minhas mãos
Para você segurar sempre que se sentir perdido
Os meus ombros
Para você chorar quando sentir vontade
O meu colo
Para você adormecer, quando o sono demorar a chegar.
O meu abraço
Um carinho
Um cafuné
Um pouquinho de besteira
Só para divertir
O meu silêncio
Ou a minha companhia
Se você quiser
E assim te ajudar a atravessar
Toda essa nostalgia.


Malu Aguiar

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Luz dos olhos

Como fazer
Para deletar da memória
Todo o carinho
Os beijos
Abraços
O seu cheiro
Seu calor...?
Como é que eu faço
Para esquecer os sussurros
Os suspiros
O percorrer das mãos
Os lábios que se tocaram
Os olhos que se cruzaram
Revelando o desejo contido
Do abraço demorado
Da junção dos corpos
Que tanto se desejaram
Ou se desejam
Ainda que haja adversidades
Distância
Erros, desculpas...
Eu sinto a sua falta
E continuo sonhando com você
Acordo subitamente
E uma lágrima escorre pelo meu rosto
São as últimas gotas
Da esperança que guardo no peito
De um dia voltar a te encontrar
Dar-te um abraço
E um beijo demorado
Uma última chance
Para dançar
Uma nova dança
Para sonhar novos sonhos
E escrever uma nova história...

Malu Aguiar

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Rua da esperança

Não sou aquele tipo
Que passeia por lençóis alheios
Para satisfazer anseios de sentimentos vazios
Não sou daquelas mulheres
Que sempre dizem sim
Para um rostinho bonito
Uma conversa sem conteúdo
As embalagens não me atraem
Tão pouco quero ser vitrine...
Os dias passam
As horas mudam
E com elas o meu Eu
Já não me sinto assim...
Tão apegada, meio dependente.
Consigo ver a vida por outros ângulos
Enxergar novas oportunidades
A cada dia um tijolo
Um passo para um muro
Ainda que a cada volta
Eu me disfarce e me desfaça
Sempre fica alguma coisa
Um restinho que seja
Dos tijolos ali colocados
Enquanto você vive de pousos
Eu exercito as minhas asas
Pois o que eu quero
São vôos mais longos
Muito mais distantes.

Malu Aguiar

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Nanquim

Casa de corredores vazios
Paredes que não deixam a luz entrar
Traumas escondidos
Atrás das sombras
De uma casa abandonada
Portas que ao serem abertas
Revelam dramas
Tragédias
Tristezas
Maquiadas com sorrisos de pancake branco
Mas que por vezes
Não escondem os traços feitos
Com o nanquim negro do infortúnio
Flagelo...


Malu Aguiar