Muitas vezes guardei minhas dores
Por achar que elas são só minhas
E de mais ninguém
Tantas vezes engoli o choro
Por achar que os outros
Não mereciam uma preocupação a mais
Tantas vezes chorei em segredo
Para manter minha fortaleza
Perante outras pessoas
Tantas vezes passei noites em claro
Com medo de um pesadelo
Tantas vezes tive medo
De dizer ou fazer algo
Com medo de me machucar
Mesmo sabendo que os machucados
Fazem parte do percurso da vida
Que todos nós temos marcas
Algumas profundas
Que demoram meses
Anos...
Até que possamos conviver com elas
Mesmo que as cicatrizes
Teimem em sangrar a cada tropeço
Outras superficiais
Que precisam apenas de um beijo
E um abraço apertado para sarar
Tantas vezes tive vontade de gritar
Chorar até adormecer
E deixar que a vida e o tempo
Resolvessem as coisas por mim
Tantas vezes tive medo
Medo de declarar meu amor
E me sentir ridícula
Pequena...
Diante de um sorriso forçado
Ou até mesmo da indiferença
De quem não sente a mesma coisa
Muitas, muitas vezes!
Mas sempre que me despedacei
Que me perdi em minha caminhada
Encontrei o caminho de volta para casa
Recolhi os meus pedaços
Colei
Segui em frente
Remendei-os com fios de ouro
Para nunca esquecer
Que cada lição que recebemos
É um aprendizado
E que tudo o que acontece conosco
Por menor que seja
Deve ser valorizado.
Malu Aguiar
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