sábado, 13 de abril de 2013

Purificação

Amar dói
Talvez por isso
A rima amor e dor
Seja tão perfeita
O coração é masoquista
Quanto mais dor, mais amor
A espera
A expectativa
Observar a chuva caindo
Como quem observa atentamente a uma Ópera
O pensamento vagueia
Como borboleta a farfallar
As lembranças chegam
E aos poucos cada uma vai tomando o seu lugar
Cumprindo o seu papel
E eu continuo ali, sentada, imóvel
Tentando conter a inveja
Que os meus olhos têm das nuvens
A chuva me convida para dançar
Aceito o convite
E ficamos ali
Dançando...
Girando...
Até que o ritmo fica acelerado
As pernas bambeiam
Caio de joelhos
Como quem busca absolvição
Redenção
A chuva não para de dançar
Não consigo me levantar
Então aceito a purificação
E permaneço ali
Até que alguém me estenda a mão.

Malu Aguiar

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